Buscas

Horizonte

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável,
o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra,
lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram,
padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.
Ana Jácomo

Tomara

2007_hikarinohate

Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os
nossos olhos de sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais,
a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece.
Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer,
ínfima, tímida, para ver também um bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos
roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos
os sentimentos, não nos tire a coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito,
os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente.
Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.
Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso.

Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades,
mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanente.
Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito.
Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria.
Tomara que apesar dos pesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não
abrir mão de se sentir feliz. Tomara.
Ana Jácomo